Resumo
Este ensaio discute a necessidade, e possibilidades, de transitar da orientação conceitual da prevenção combinada para a concepção de “prevenção integral”, com base em experiências de pesquisa-intervenção em promoção e proteção da saúde sexual e reprodutiva entre adolescentes e jovens de três cidades do Estado de São Paulo, Brasil (São Paulo, Santos e Sorocaba). Potente na preparação para ciclos sindêmicos no contexto de crise ambiental, a concepção de prevenção integral favoreceu a inteligibilidade de processos de vulnerabilização à COVID-19 e à mpox, às infecções sexualmente transmissíveis e à aids, à violência, à gravidez indesejada e ao sofrimento psicossocial. Permitiu orientar respostas à sindemia de pandemias em meio à crise social que as agrava e estimulou a construção pelos jovens de respostas criativas diante ao contexto de polarização política promovida pela extrema direita – que agressivamente inibe abordagens baseadas em direitos humanos, em especial no campo da sexualidade, agudizando a infodemia que desqualifica a gravidade das pandemias em curso. Ressaltamos a produtividade da concepção de integralidade do cuidado para delinear ações no quadro dos direitos humanos e prevenção que, dinamicamente, antecipam e abordam eventos que se sobrepõem sinergicamente em territórios periféricos. Ao valorizar “cenas” como unidade interpretativa e foco das respostas a contextos de vulnerabilização, favorecemos a coconstrução de competências transversais nas respostas pessoais, coletivas e territoriais necessárias à prevenção de agravos que concomitantemente ameaçam a saúde física e mental de adolescentes e jovens.

