Idosos e a pandemia no Brasil: trabalho e proteção social no contexto da exclusão forçada

por Ian Prates e Maria Eugenio Almeida

Introdução

A pandemia da Covid-19 teve efeitos desastrosos no mercado de trabalho brasileiro. Somente entre os meses de abril e maio, foram mais de 1 milhão de postos de trabalho formais desfeitos. Ao longo do segundo trimestre de 2020, foram quase 5 milhões entre formais e informais.

A crise afeta grupos sociais de forma distinta. Negros, mulheres, pessoas menos escolarizadas, trabalhadores em posições menos estáveis no mercado de trabalho e nos setores considerados não essenciais foram os mais prejudicados (Prates e Barbosa, 2020a). Entretanto, embora os idosos estejam no centro da discussão geral sobre a pandemia por constituírem o principal grupo de risco, sabe-se pouco sobre como sua situação no mercado de trabalho foi alterada.

Crises econômicas tendem a estimular a inatividade ou a aposentadoria precoce, além de aumentar o desemprego de longa duração e reduzir as chances (já usualmente menores) de reinserção ocupacional dos idosos (Bui, Button e Picciotti, 2020). Esses fatores tendem a se agravar no contexto da pandemia da Covid-19. A sensibilidade aos riscos da doença levou a um movimento quase obrigatório de suspensão das atividades laborais, pelo menos aquelas que não podem ser realizadas de forma isolada ou não são consideradas essenciais. Trabalhadores informais tendem a deixar ou interromper as atividades, ao passo que empregados no setor formal tendem a ser preteridos em favor de trabalhadores mais jovens, menos vulneráveis à doença.