Flexibilização do Distanciamento Físico em Goiás elevou o número de mortos em 274%. Política semelhante em São Paulo pode aumentar até três vezes o número de mortos nos próximos 30 dias

Principais Conclusões

  • Goiás foi um dos primeiros estados a adotar medidas de distanciamento físico mais rígidas. Obteve sucesso na contenção da pandemia, mas flexibilizou prematuramente e colheu resultados dramáticos. Se Goiás tivesse mantido as medidas de distanciamento social nos níveis préafrouxamento, deflagrado em 19 de abril, o número de vidas perdidas teria sido 63,5% menor. Isso significa que as 173 mortes efetivamente registradas pelo estado de Goiás poderiam ter sido apenas 63. Ou seja, 110 mortes poderiam ter sido evitadas caso a flexibilização não tivesse ocorrido.
  • São Paulo também agiu rápido na adoção em março de políticas de contenção do contato físico. Ainda que tenha obtido resposta moderada da população às suas orientações, conseguiu diminuir o ritmo de expansão da pandemia. No entanto, contrariamente ao indicado pelos dados de sua própria Secretaria Estadual de Saúde, o estado decidiu por uma política de flexibilização a partir de 1º de junho. Com base em indicadores construídos a partir dos resultados de Goiás, a Rede de Pesquisa Solidária construiu dois cenários para o estado de São Paulo. E nos dois, o número de mortos se eleva substantivamente
  • No Cenário 1, caso as medidas de distanciamento social permanecessem nos níveis de maio por mais 30 dias, o montante de óbitos provocados pela Covid-19, aumentaria em 5.514 mortes. Isso implicaria um total acumulado de 14.632 mortos no estado de São Paulo no dia 8 de julho.
  • No Cenário 2, com o afrouxamento das medidas de distanciamento físico decidido neste início de junho, a estimativa é que as mortes causadas pela Covid-19 saltarão para 15.798. Ou seja, três vezes mais do que as 5.514 mortes previstas caso o distanciamento social fosse mantido nos níveis de maio. Utilizando-se como referência o ocorrido em Goiás, o total em São Paulo deve chegar a 24.986 óbitos até o dia 8 de julho.

Equipe Responsável pela Nota Técnica No.11

Coordenação: Lorena Barberia.

Pesquisadores:

  • Natália de Paula Moreira (USP)
  • Maria Letícia Claro de F. Oliveira (USP e CEPESP/FGV)
  • Luiz Guilherme Roth Cantarelli (USP)
  • Isabel Seelaender (USP)
  • Marcela Mello Zamudio (USP e CEPESP/FGV)
  • Pedro Schmalz (USP e CEPESP/FGV)