Crise altera o perfil do trabalho em casa e do teletrabalho. Desigualdade digital reduz rendimentos e rebaixa atividade econômica.
Principais resultados
Antes da pandemia, o percentual de pessoas que trabalhavam de casa no Brasil (4,9%) não era muito diferente do que ocorria, por exemplo, nos países da União Europeia (5,4%).
Com a pandemia, o trabalho em casa mudou, em volume e em qualidade. O percentual de pessoas que trabalha a partir de suas residências saltou de 4,9%, em 2019, para 10,3% em maio de 2020. Se em 2019 os autônomos eram 88,3% do total das pessoas que trabalhavam em casa, hoje representam menos que 15% do total.
Antes da crise o trabalho em casa era basicamente informal, pouco qualificado e mal remunerado. Agora, as pessoas que trabalham a partir de casa são mais escolarizadas e fazem uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Os tradicionais informais que trabalhavam em casa estão impedidos de trabalhar, dada a natureza de suas atividades. Como resultado, sua renda cai continuamente. Os novos teletrabalhadores são principalmente profissionais com ensino superior, professores, gerentes, administradores, trabalhadores de escritório.
O chamado “teletrabalho” no Brasil, nesse momento de crise, é significativamente inferior à maioria dos países comparados, o que reduz ainda mais a atividade econômica e indica baixa capacidade de adaptação.
A exclusão digital e o acesso precário às TIC nos domicílios de baixa renda representam fortes limitações para o avanço do teletrabalho.
É reduzido o uso da Internet para atividades do trabalho, mesmo entre os brasileiros que venceram a barreira do acesso, o que indica que a falta de habilidades digitais restringe o teletrabalho durante e provavelmente após a pandemia.