Conclusões:
- No mundo foram mais de 660.000 mil vidas perdidas e 17 milhões de infectados, equivalente à população da Holanda ou do Equador. Com quase 100.000 vidas perdidas, o Brasil exibe o segundo maior número de vítimas no mundo.
- Todos os estados brasileiros, sem exceção, estão nos estágios mais elevados de risco, quando classificados pelos critérios do Instituto de Saúde Global de Harvard, medidos pela média de novos casos de COVID-19.
- Entre maio e julho, 25 estados relaxaram as medidas de distanciamento físico. Vários governadores flexibilizam suas políticas mesmo diante do crescimento da taxa de infecção e de mortes, sendo que a média de novas mortes diárias foi pelo menos 100% maior em junho do que em maio em 17 estados.
- Os dados de testagem e as compras estaduais confirmam que a maioria dos estados brasileiros optou pela aplicação de testes sorológicos, principalmente os chamados testes rápidos, que não são utilizados no diagnóstico de pessoas infectadas e, portanto, não são os mais indicados para o controle da pandemia.
- As políticas públicas adotadas pelos estados ainda apresentam falhas na integração das estratégias baseadas em programas de testagem em massa e na identificação dos infectados e seus contatos.
- A produção e divulgação regular de dados pelos estados melhoraram, mas se mantém insuficientes para permitir políticas públicas de qualidade.
- Houve uma queda gradual do nível de permanência da população em casa. A mobilidade em julho tem níveis praticamente semelhantes aos de meados de março.
- A omissão do governo Federal na elaboração de uma estratégia nacional continua na raiz da desarticulação das respostas dos estados e no comportamento da sociedade. As recomendações da OMS foram desprezadas, assim como as práticas sugeridas pela experiência dos países que obtiveram maior êxito no combate à pandemia.
- Embora, os resultados aqui apresentados sinalizem a gravidade da situação do Brasil, há políticas que ainda podem ser adotadas para melhorar a resposta da sociedade à pandemia.
- As recomendações sugeridas por este Boletim foram inspiradas nos países que mostraram maior eficiência no controle da pandemia e estão sintonizadas com as recomendações do Instituto de Saúde Global de Harvard e da OMS.
- A Rede de Pesquisa Solidária tem consciência do enorme desafio que a sociedade brasileira enfrenta para fazer avançar o debate público sobre as razões que empurram o país para a trágica marca de 100 mil óbitos pela COVID-19 e acredita que é fundamental um engajamento maior da sociedade na demanda por melhores respostas das autoridades públicas.
Equipe Responsável pela Nota Técnica No.18
Coordenação: Tatiane C Moraes de Sousa (Fiocruz) e Lorena Barberia (DCP-USP)
Pesquisadores:
- Michelle Fernández (IPOL/UnB)
- Paulo Agabo (DCP-USP)
- Dara Aparecida Vilela (DCP-USP)
- Luiz Guilherme Roth Cantarelli (DCP-USP)
- Maria Letícia Claro (DCP-USP e CEPESP/ FGV)
- Anna Paula Ferrari Matos (DCP-USP)
- Natália de Paula Moreira (DCP-USP)
- Ingrid Castro (DCP-USP)
- Isabel Seelaender Costa Rosa (DCP-USP)
- Pedro H. de Santana Schmalz (DCP-USP e CEPESP/FGV)
- Marcela Mello Zamudio (DCP-USP e CEPESP/ FGV)
- Fabiana da Silva Pereira (DCP-USP)
- Vanessa Trichês Pezente (Fiocruz)
- Stelle de Souza (IPOL/UnB)
- Thiago Moraes (UNESP)