A Importância de Detectar e Tratar a COVID longa no Brasil. Uma Análise sobre Sintomas dos Indivíduos Acometidos e do Acesso ao Diagnóstico e ao Tratamento.
Principais Resultados
Até o final de 2022 não havia informações do Ministério de Saúde sobre o número de pessoas afetadas pela COVID longa no Brasil. A falta de dados inviabiliza o desenho de estratégias para alertar a população sobre os riscos de desenvolver esta forma de COVID-19 e de serviços de assistência para atender às pessoas que sofrem de sequelas prolongadas.
Há um número expressivo de pessoas que relatam sintomas persistentes ou disfunção orgânica após o adoecimento pela COVID-19 no Brasil. Em uma pesquisa realizada entre março e abril de 2022, verificou-se que 720 (58,5% dos que testaram positivo por teste RT-PCR para SARS-CoV-2) dos entrevistados mantiveram sintomas por mais de três meses a partir do início do quadro agudo inicial da COVID-19. E destes, 496 (69%) afirmaram não estarem recuperadas da doença.
Os sintomas associados à COVID longa são diversos e têm impactado diferentes sistemas do organismo. Entre os sintomas identificados, se destacam aqueles associados ao sistema cardiorrespiratório (como dores no peito, falta de ar e tosse), musculares, (como dores no corpo e nas articulações) e neurológicos (como alterações na memória e na atenção).
A persistência de sintomas da COVID-19 após o período agudo da doença foi mais frequente entre pessoas não vacinadas (72%), do que em pessoas com vacinadas (59%).
Dos pacientes que afirmaram ter desenvolvido sintomas persistentes, 81% indicaram que houve necessidade de suporte de profissionais e de serviços de saúde.
Considerando a diversidade de sintomas e o perfil de pessoas acometidas pela COVID longa, o Ministério de Saúde não tem produzido diretrizes e políticas de encaminhamento de pessoas com casos suspeitos de COVID longa de acordo com o nível de atenção necessário para tratar das sequelas.
Equipe responsável pela Nota Técnica N.º 44:
Karina Calife (Departamento de Saúde Coletiva, FCMSCSP)
Michelle Fernandez (Instituto de Ciência Política, UnB)