Principais Conclusões
- Em seis regiões metropolitanas pesquisadas Painel de Monitoramento de Lideranças Comunitárias, a fome é o drama mais crítico enfrentado por famílias carentes por conta da pandemia. Iniciativas de socorro se multiplicam, mas são insuficientes, incipientes e nem sempre coordenadas.
- O desemprego, redução do salário e ausência de renda atingem as famílias e dificultam o acesso a itens de proteção, como as máscaras. O endividamento e a inadimplência agravam ainda mais suas condições de vulnerabilidade.
- A falta de informação, as notícias falsas e o desencontro de recomendações dos diferentes agentes públicos geram confusão e contribuem para a aumentar a baixa aceitação das medidas de prevenção.
- A busca desesperada por atividades geradoras de renda é agravada pelas condições precárias de moradia, como superlotação, dificultando a adesão ao isolamento social.
- As novas condições de vida geram impactos psicológicos relevantes. Sinais de esgotamento, desespero, medo de morrer e falta de perspectiva para o futuro são percebidos como ameaça à própria sobrevivência.
O que esperar
- Para as lideranças comunitárias, o aumento do contágio, o descumprimento das medidas de contenção do vírus, a fome, falta de acesso ao sistema de saúde e o aumento da violência são problemas que se agravarão mais rapidamente.
Recomendações
- As informações coletadas sugerem que é urgente a ampliação e coordenação dos esforços para distribuição de alimentos como solução emergencial e não substitutiva de outras iniciativas estruturadas de proteção social.
- É importante que o setor público estimule as atividades de suporte social e psicológico às famílias que cada vez mais se encontram em situação de desesperança e desagregação.
- Diante da desvirtuação das orientações e da desinformação é fundamental que os diferentes níveis de governo, do federal, passando pelos estados e municípios, procurem se coordenar de modo a ajudar as comunidades a responderem com mais confiança às medidas de proteção contra a Covid-19.
Equipe Responsável pela Nota Técnica No.07
Coordenação:
- Graziela Castello (CEBRAP)
- Priscila Vieira (CEBRAP)
- Monise Picanço (CEBRAP)
Pesquisadores:
- Gabriela Palhares (Observatório da inovação-USP)
- Jaciane Milanezi (CEBRAP)
- Jonatas Mendonça dos Santos (USP)
- Laura Simões (USP)
- Rodrigo Brandão (USP)